Pesquisador desde os 19 anos recebe o maior Prêmio de Ciência e Tecnologia do país
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O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), Glaucius Oliva, entregou no dia 3 de maio, a mais importante honraria em ciência e tecnologia do país, o prêmio Almirante Álvaro Alberto. O premiado desta edição foi o médico e neurologista Iván Izquierdo, um dos maiores especialistas do mundo na área da fisiologia da memória. A concessão do prêmio ocorreu durante Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro.
O Prêmio, que conta com a parceria da Fundação Conrado Wessel, busca reconhecer pesquisadores brasileiros pelo trabalho realizado ao longo de sua carreira em prol do avanço da ciência e pela transferência de conhecimento da academia ao setor produtivo. O Conselho Deliberativo do CNPq, na edição de 2010, contemplou a área de Ciências da Vida, homenageando o pesquisador Iván Izquierdo.
Pesquisador desde os 19 anos
Ao receber o certificado do Ministro Mercadante, o pesquisador Iván Izquierdo agradeceu a homenagem e disse se sentir muito honrado com o prêmio. "Comecei a fazer pesquisa desde meus 19 anos de idade e de lá pra cá não parei mais. Dediquei minha vida para entender como funcionam os mecanismos do complexo labirinto das memórias. E esta noite, recebendo este importante prêmio, ao lado dos meus familiares, amigos e alunos, tenho certeza que é mais uma prova de que valeu a pena todo meu esforço", declarou emocionado.
A importância do esquecimento
Izquierdo, atual coordenador do Centro de Pesquisas da Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, afirmou ainda que a memória é tão imprescindível ao homem quanto o esquecimento de certos dados, fatos ou acontecimentos.
"De fato, é preciso esquecer, ou pelo menos manter longe da evocação certas lembranças que nos perturbam, como aquelas de medos, humilhações, desencantos amorosos e outros maus momentos. Já pensou se nos lembrássemos de todos os nossos fracassos? Passaríamos metade da vida nos remoendo. Para nossa paz de espírito, por meio de um mecanismo de autoproteção, o cérebro simplesmente inibe determinadas memórias, um fenômeno que os psicanalistas chamam de repressão. E isso ocorre o tempo todo, mesmo sem percebermos", afirmou em entrevista.
Sobre o premiado
O pesquisador Iván Antonio Izquierdo graduou-se e doutorou-se na Universidade de Buenos Aires (UBA) e fez seu pós-doutorado na Universidade da California em Los Angeles (UCLA). Mudou-se para o Brasil em 1973, incorporando-se posteriormente à Escola Paulista de Medicina, hoje Unifesp, onde fundou um grupo de pesquisas em neurociência. Desde 1978, reside em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e em 1981 obteve nacionalidade brasileira. Membro de várias Academias e sociedades científicas do país e do exterior, Izquierdo fez grandes descobertas na área da fisiologia da memória.
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Izquierdo já recebeu mais de 50 prêmios e distinções. Autor de 17 livros e mais de 650 artigos científicos, estes últimos já parte imprescindível da bibliografia sobre a biologia memória. Durante mais de 20 anos, Izquierdo integrou o Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Seu grupo de pesquisa, agora ampliado, está no Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), onde Izquierdo é Professor titular de Medicina e coordenador do Centro de Memória.